terça-feira, 1 de julho de 2008

Apartai-vos, ombros amigos!

Vós, consoladores de plantão, solícitos louvadores, representais o desastre, a perdição da Literatura.

O escritor tem que sentir-se perdido, deslocado, banido, abandonado, desprezado, excluído do gênero humano. Então, prisioneiro da mais absoluta solidão, ele construirá amplas, luminosas e comoventes pontes de letras que o conectem aos demais mortais, rumo à Beleza.

Vede: Fiodor Dostoiévsky, Luís de Camões, Fernando Pessoa, William Shakespeare, Homero, Dante Alighieri e, menos, Miguel de Cervantes e Johann W. Goethe: quase todos "fora" do seu tempo, ou dele espantosamente expulsos pela intelectualidade.

Exorto-vos, pois, à transformação em lanças inimigas, em dardos dolorosos, que o empurrem impiedosamente para o Abismo --- “conditio sine qua non” (1) à perfeição estética, marca infalível da completa grandeza.

Porque deve o escritor dirigir seu discurso mágico, com a máxima humildade, não aos seus contemporâneos, mas às miríades de arcanjos do Futuro.

Deixai-o portanto, solidários amigos, cumprir em paz sua misteriosa missão!


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(1) Condição indispensável, necessária, essencial. Provém do Latim e significa "a condição sem a qual não se pode fazer algo".
Em Direito, trata-se de um recurso indispensável e fundamental, que condiciona o andamento da ação. Com o tempo, esta expressão migrou para outras ciências, como a Economia, a Filosofia e a Medicina.
Pronúncia: condício sine qua non.

Fontes: www.direitonet.com.br e
www.wikipedia.org.
Acess: 21/06/2008.

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