sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"A Importância do Maravilhoso na Literatura Infantil" (Cristiane Madanêlo)

Em seus primórdios, a Literatura foi essencialmente fantástica. Nessa época era inacessível à humanidade o conhecimento científico dos fenô-menos da vida natural ou humana, assim sendo o pensamento mágico dominava em lugar da lógica que conhecemos. A essa fase mágica, e já revelando preocupação crítica às relações humanas ao nível do social, correspondem as fábulas. Compreende-se, pois, porque essa literatura arcaica acabou se transformando em Literatura Infantil: a natureza mágica de sua matéria atrai espontaneamente as crianças.

A literatura fantasista foi a forma privilegiada da Literatura Infantil, desde seus primórdios (sec. VII), até a entrada do Romantismo, quando o ma-ravilhoso dos contos populares é definitivamente incorporado ao seu acervo (pelo trabalho dos Ir-mãos Grimm, na Alemanha; de Hans Christian An-dersen, na Dinamarca; Garret e Herculano em Por-tugal; etc.)

Considera-se como Maravilhoso todas as situa-ções que ocorrem fora do nosso entendimento da dicotomia espaço/tempo ou realizada em local vago ou indeterminado na terra. Tais fenômenos não obedecem as leis naturais que regem o planeta.

O Maravilhoso sempre foi e continua sendo um dos elementos mais importantes na literatura des-tinada às crianças. Através do prazer ou das emo-ções que as estórias lhes proporcionam, o simbo-lismo que está implícito nas tramas e personagens vai agir em seu inconsciente, atuando pouco a pouco para ajudar a resolver os conflitos interiores normais nessa fase da vida.

A Psicanálise afirma que os significados simbó-licos dos contos maravilhosos estão ligados aos e-ternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional. É durante essa fase que surge a necessidade da criança em defen-der sua vontade e sua independência em relação ao poder dos pais ou à rivalidade com os irmãos ou amigos.

É nesse sentido que a Literatura Infantil e, principalmente, os contos de fadas podem ser deci-sivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao mundo à sua volta.

O maniqueísmo que divide as personagens em boas e más, belas ou feias, poderosas ou fracas, etc. facilita à criança a compreensão de certos valores básicos da conduta humana ou convívio social. Tal dicotomia, se transmitida atravás de uma linguagem simbólica, e durante a infância, não será prejudicial à formação de sua consciência ética..

O que as crianças encontram nos contos de fa-das são, na verdade, categorias de valor que são pe-renes. O que muda é apenas o conteúdo rotulado de bom ou mau, certo ou errado.

Lembra a Psicanálise, que a criança é levada a se identificar com o herói bom e belo, não devido à sua bondade ou beleza, mas por sentir nele a pró-pria personificação de seus problemas infantis: seu inconsciente desejo de bondade e beleza e, princi-palmente, sua necessidade de segurança e proteção. Pode assim superar o medo que a inibe e enfrentar os perigos e ameaças que sente à sua volta, podendo alcançar gradativamente o equilíbrio adulto.

A área do Maravilhoso, da fábula, dos mitos e das lendas tem linguagem metafórica que se comu-nica facilmente com o pensamento mágico, natural das crianças.

Segundo a Psicanálise, os significados simbóli-cos dos contos maravilhosos estão ligados aos eter-nos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional.



Fonte: http://www.graudez.com.br/litinf
Capturado em 20/02/2010

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