domingo, 7 de fevereiro de 2010

Versos à Primavera

Plantados obsecadamente por certos artistas do Recanto, há bosques poéticos que nos abrigam, alegram, protegem, redimem, que deflagram enfim a nossa condição humana.

Se um poema parece-nos de fato enfadonho, pesado, sem graça, definitivamente apagado no céu cintilante, avante!, saltemos a página. Se já naquele outro, todavia, o questionamento do mundo se faz em três, quatro linhas que tremem, totais, messiânicas, separemo-lo exclusivamente, em segredo...

Ora, por quê algumas canções nos passam um clima de festa, numa simplicidade comovente? Por quê, com o tempo, fica primaveril o poema que de início rejeitamos ou estranhamos?

Resposta: Pelos versos verídicos, sublimes, sábios, encantadores, que contenham uma antítese profunda, uma contradição lógica que nos enriqueça, uma angústia tal que nos eleve a homens.
(Frequentemente se trata de versos amargos, angustiantes, conformados, plenos da humildade do abandono...)

Porque elevadíssimos, coesos, emocionantes, incomparáveis, sinfônicos, patéticos precisam ser os versos de quem pretende o nosso renascimento.

...Sim, às vezes um poema se apresenta como uma jóia diminuta: sintético, penitencial, filosófico, inventivo, ventante --- evocação pura...

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