domingo, 7 de fevereiro de 2010

Eles Virão com a Noite (conto), de Rogério Silvério de Farias

Pela vidraça suja da janela de seu quarto, o jovem Walter Castro podia vê-lo, aquele monstro gigantesco, antigo, de mistérios e segredos arcaicos, com suas ondasquase sempre em fúria incontida.

O Atlântico, com o imemorial rugido de suas ondasenfeitiçava-o numa melancolia sinistra, principalmente à noite, quando então as estrelas brilhavam estranhamente no céu e refletiam seus brilhos fantasmagóricos na superfície caótica do vasto corpo líquido do monstro que se chama oceano.

Em terra firme, as sombras eram como fantasmas fugitivos da luz, convidando os poetas e os pescadores bebuns a sonharem com sereias e basiliscos fantásticos das sombras sempiternas dos mares do mundo e do Inferno, em delírios oníricos inimagináveis.

Castro estava em sua casa, no topo do morro mais alto, defronte à mágica e pequena baía da "Prainha". E para ele o mar era uma entidade viva e furiosa, que um dia levara o corpo de sua irmã para as suas profundezas e a alma para as profundezas do outro mar, o mar da morte. Foi por isso que Castro abandonou sua prancha e nunca mais surfou. Nunca mais.

Fazia um bom tempo que Castro morava ali, no Farol de Santa Marta, um refúgio paradisíaco do litoral sul de Santa Catarina. Sua família tinha sido enterrada ali, no pequeno cemitério ao lado da igrejinha, onde em noites de lua cheia os antigos pescadores juravam que viam estranhos vultos, bailando diabolicamente no ar, entre estranhas luzes fosforescentes de uma tonalidade escarlate e opressora.

Castro era descendente de uma leva de imigrantes alemães que, um dia, no passado remoto e indelével, atravessou com denodo ariano a selva líquida do Atlântico na sôfrega busca por dias melhores no país-continente chamado Brasil, onde negros, índios e brancos miscigenaram-se em espírito e carne, ao som quase mágico de atabaques e maracás, ouvindo o místico som das matas e das ondas, sob luares lânguidos e lascivos.

Seu avô havia sido soldado nazista, mas desertara ao apaixonar-se por uma antropóloga, a avó de Castro, uma açoriana de olhos azuis e estranhos que lecionava em Lisboa.

Eles fugiram para o Brasil em 1942, quando se apaixonaram. O avô de Castro era um trânsfuga da guerra e do ódio racial estúpido. Seu avô e sua avó, a açoriana de nome Helena, nutriam um interesse comum por certos conhecimentos antigos, cultivados por povos e tribos desde o alvorecer da humanidade; era como um hobby, um passatempo de certa forma assustador para eles.

De algum modo o avô de Castro pressentira a derrocada do totalitarismo de Hitler, após o demônio fracassar em seus planos sórdidos de dominar o mundo.

As filhas, entre elas Sofia, a mãe de Castro, praticamente foram criadas por uma tia solteirona, irmã de sua avó, em Laguna, que posteriormente desapareceu misteriosamente.

Seu avô e sua avó não podiam ser importunados em seus estranhos estudos, contara a mãe de Castro, quando ela ainda era viva.

Foi na tarde fria e chuvosa do domingo de Abril de 1999 que o horror em sua forma sobrenatural iniciou. Castro encontrou no sótão o pequeno baú, num nicho secreto atrás de uma estante. Em seu interior Castro encontrou um caderno antigo, roído pelo tempo e pelas traças. Era, com efeito, um canhenhoou diário de experiências ocultas, realizadas por seu avô, em conjunto com sua avó. Com esforço, Castro conseguiu ler alguns parágrafos, já que o papel estava com bolor e mofo.


“18 de Fevereiro. Que país extraordinário é o Brasil. E o lugar onde moramos é ideal para o que pretendemos fazer, eu e minha adorada Helena. Brevemente recomeçaremos nossas experiências fantásticas com o oculto!...

* * *
24 de Fevereiro. Estamos estabelecidos no Farol de Santa Marta, que foi construído por Franceses. Estamos embevecidos com o lugar; trata-se de um lugar mágico, logo percebemos. As forças do mar e da terra aqui se encontram e se concentram, e é como se formassem um vórtice etéreo e interdimensional, invisível aos olhos profanos. Há épocas, particularmente certas noites, em que posso sentir que a quarta dimensão abre-se e toca o plano dos mortais. Trata-se de uma verdadeira encruzilhada sutil de dimensões. Aqui o mundo invisível dos espíritos e das criaturas sobrenaturais se encontra com o plano físico. É o local ideal para o que pretendemos... A Magia do caos e a Teurgia do Inferno!...

* * *
27 de Fevereiro. O calor está terrível, nesta época, aqui no Farol. Os pescadores do lugar dizem que em Abril começa a esfriar e ventar muito. Tomara. Sinto saudade de Berlin... Ah, em Berlin era impossível um calor desses do Brasil...

* * *
02 de Março. Eu e Helena estamos exultantes.
Realmente o Farol é portador de magníficas forças espirituais.
Estamos trabalhando duro nas pesquisas esotéricas. Entre leituras e anotações, passamos os dias e as noites, e há também os exercícios e cerimônias místicas que fazemos em silêncio, na escuridão de nosso quarto. Trabalho como carpinteiro para manter as aparências de que luto pela sobrevivência, para disfarçar. Tenho dinheiro o suficiente para sobreviver sem trabalhar, no entanto, não quero que desconfiem de nós.
Precisamos de sossego para continuar nossos experimentos psíquicos, embora o povo do lugar seja muito curioso e bisbilhoteiro...

* * *
10 de março. Logo abriremos o portal entre as dimensões. É questão de tempo.

* * *
13 de março. Eu e Helena descobrimos, através de leituras de vários livros antigos de magia que trouxemos conosco, que há dois caminhos para que eles, os Antigos Deuses Escuros retornem definitivamente ao plano físico; eles já estiveram aqui, em tempos remotos, quando o homem ainda não tinha apodrecido sua mente e seu espírito, e eles vagaram pela face da Terra, em reinos esquecidos. É sinistro, eu sei, mas eles voltarão, os Antigos Deuses da Escuridão. E então, com eles ao nosso lado, eu e Helena seremos coroados reis do mundo, juntamente com eles, é claro. Um novo império será erguido neste mundo, o império dos Antigos Deuses do Escuro. Nem Átila e nem o tolo Hitler seriam capazes de compreender a força dos Escuros. Toda a terra será transformada num caos definitivo de horror e morte, e então eles, os Escuros, reinarão com magia e força, e os homens então rastejarão como vermes mortais que são ante a presença desses deuses. Pode parecer loucura, mas nossa aliança com os Escuros em breve estará consumada.

* * *
20 de março. Ele virá primeiro. Ele, Shugara, o deus-cão dos Infernos tetradimensionais, o deus-cão do ódio e da guerra, esfolador de corpos e almas. Sim, eu e Helena traremos Shugara, e em seguida os outros Escuros virão, através dos caminhos adormecidos da mente, pelos vórtices místicos e etéreos do mundo tetradimensional, e Shugara se encarregará de trazer os outros Escuros... E eles todos virão, Atazoth, Athusir, Budsturga e Gaubni, eles, os outros deuses da escuridão, aqueles que foram adorados em eras passadas, na juventude aterradora do mundo... Eu e Helena seremos o casal de um novo Éden, um paraíso escuro de onde brotará uma raça mais forte, adoradora das escuras forças dos mundos invisíveis.

* * *
02 de abril. Gaubni será o último a vir. Quando as estrelas Dabih, Naos e Algol estiverem alinhadas corretamente, eles virão, e todo homem e toda mulher rastejará e clamará por misericórdia aos Deuses Escuros, que lavarão a terra com o sangue dos sacrifícios humanos, numa apoteose de dor, carnificina e morte!

* * *
14 de abril. Comecei a preparar o ritual, que será no final do ano. Para nosso assombro, descobrimos uma caverna secreta perto da praia do Mocó, aqui no Farol. Fica no alto de uma montanha rochosa, atrás de uma rocha em forma de bigorna. Eu e Helena sentimos misticamente que tivemos uma vida passada aqui, encarnados como indígenas da era Pré-Colombiana, talvez como índios da tribo carijó ou outros povos sambaquianos. Presumo que estamos preparando este ritual há muito tempo, desde encarnações passadas, em sucessivas reencarnações aqui mesmo, neste lugar maravilhoso que é o Farol de Santa Marta, onde fluem mágicas energias.

* * *
28 de abril. Precisamos ser mais rápidos! Não há tempo a perder. Eu e Helena enviamos nossa filha Sofia para Laguna, para que tenhamos um tempo ainda maior.
Diremos que temos muito trabalho na carpintaria e coisa e tal. A irmã celibatária de Helena, Maria, cuidará da criança, antes do ritual. Ela o fará sem saber; se nos atrapalhar, teremos que matá-la, ainda mais que ela nos tem achado estranhos demais. Acredito que Maria pensa que estamos loucos, eu e Helena.

* * *
29 de abril. Conseguimos, com certo marinheiro português, que nos enviou pelo correio os livros que precisávamos para o nosso estudo. "As Clavículas de Salomão", "O Enchiridion do Papa Leão", "Os Segredos do Grande e Pequeno Alberto", o lendário "Necronomicon", e o mais terrível de todos, aquele que faltava para completarmos nossos estudos, aquele livro assustador, escrito com sangue humano em páginas de pele humana: o maldito, o pavoroso, o quase impronunciável "Grimório Infernal", do insano mago negro Theophillus Marbas, um livro para abrir a consciência ou enlouquecer de vez... Com o "Grimório Infernal" teremos as fórmulas e os encantamentos para abrirmos os portais e trazer novamente e para sempre os Antigos Deuses da Escuridão.


* * *
Por um instante Castro parou de ler as assustadoras anotações no canhenho de seu estranho avô. Engoliu em seco.

Então era verdade que o seu avô era dado a prática de magias e conjurações!
Continuou lendo...


* * *
03 de maio. Começa a fazer frio, aqui, no Farol de Santa Marta. Sopra um vento forte todas as tarde. Parece que estamos em Berlin novamente. Estou começando a adorar este lugar de magia, mistério e encantamento.

* * *
15 de maio. Construímos um verdadeiro templo na Caverna da Bigorna. O momento se aproxima. Tudo está quase pronto.

* * *
20 de maio. Tivemos que matar Maria, a irmã de Helena!
Ela descobriu, numa visita ao Farol, que iremos matar nossa outra filha, a mais nova, irmã de Sofia, oferecendo-a em holocausto aos Escuros. Ela nos chamou de loucos, disse que iria avisar as autoridades de Laguna. Helena esfaqueou-a pelas costas. Enterramos Maria no porão de nossa casa.
Trouxemos nossa filha de volta, mentindo para ela sobre uma viagem de Maria até os Açores. Sofia ficou em Laguna, adolescente que é só pensa em rapazes e festas. Não desconfia de nada. Ficou na casa dos pais de uma amiga, em Tubarão.

* * *
05 de junho. Um frio de lascar!... É chegada a hora do ritual de sacrifício humano. Levamos nossa filha para um passeio nas montanhas do Farol. Era um entardecer vermelho como o fogo do Inferno. Quando entramos na caverna, começou a chover forte. Vento e chuva e frio. Beijamos a face cândida de nossa querida filha. Ela não sabe que pretendemos degolar seu pescoço com a faca que eu trouxe debaixo do paletó. Helena embebeu o lenço com tricolometano. Nossa filha mais nova, Edla, desmaiou. E então... O sangue jorrou, para que os portais fossem abertos... Entoei os cânticos e as invocações... Santo Deus, agora não podemos voltar atrás!... Eles virão, os deuses negros...


* * * * * *
Castro parou de ler outra vez. Estava pálido como um defunto na essa de um velório. Então seus avós foram loucos, visionários, fanáticos, obcecados por ocultismo e dados a práticas sinistras e assassinas. Era por isso que minha mãe não gostava de falar neles. E foi por isso que de geração em geração nossa família foi odiada, aqui, no paradisíaco Farol de Santa Marta, e por isso passamos a viver taciturnos e arredios, solitários na vida e no tempo.
Castrou retomou a leitura, os olhos esbugalhados.


* * *
23 de julho. Os nossos chakrasestão começando a ser ativados, nossas consciências alteram-se com a chegada da noite. Estamos vendo vultos nas sombras. Um deles, pela silhueta, pude reconhecer. É Shugara, o esfolador. Ele é como o das gravuras do Grimório Infernal. Podemos vê-los através de nossa clarividência despertada, certamente.
Em breve eu e Helena seremos os novos Adão e Eva num paraíso comandado pelos Antigos Escuros...

* * *
03 de agosto. Maldição! Está tudo dando errado. Helena começou a enlouquecer repentinamente!... As autoridades de Laguna desconfiaram de algo e andam nos investigando. Há comentários e fofocas na vila do Farol, querem nos linchar, acusam-nos estupidamente de "alemães nazistas" e bruxos secretos de Hitler!... Há meia hora atrás alguém, provavelmente um estúpido pescador desta comunidade, atirou uma pedra em nossa casa, que quebrou o vidro da janela e atingiu a cabeça de Helena, que se já estava insana, agora a tendência é abismar-se nas profundezas negras da loucura. E quanto aos Deuses Escuros? Por que não vieram? O que houve de errado?... Praga dos Infernos!
Estou com uma terrível dor de cabeça. Estou começando a ouvir vozes, terríveis vozes do Além! Vozes e um rosnar, um rosnar maldito que sei ser de Shugara, o Deus esfolador da Escuridão... Agora eu sei, os Escuros, os Deuses do Escuro!
Eles não querem acordos ou pacto conosco, reles mortais!... Eles nos enganaram, e eles estão irados conosco, porque algo não deu certo, talvez a intervenção da divina providência, e então o portal não foi de todo aberto... Parece que só abrirá por instantes, em determinadas horas e épocas... Os Escuros agora poderão vir, mas não poderão ficar muito tempo no mundo tridimensional de Euclides, ou seja, o plano físico... Ai! Vou parar de escrever estas anotações. Estou com uma forte dor de cabeça... É insuportável... Acho que vou me matar... Não tenho saída... A polícia já bate a porta... O povo do Farol de Santa Marta grita na rua, querem linchar a mim e minha Helena, que nesse momento está tendo uma espécie de convulsão ou ataque epilético no chão... Meu Deus, o que fizemos? Deu tudo errado!... O maldito “Grimório Infernal”! Aquelas páginas malditas foram feitas para enganar pessoas como eu e Helena...
O livro blasfemo é uma armadilha para almas incautas!... Vou pegar a velha garrucha e por um fim nisso tudo... Matarei minha Helena e depois atirarei em minha têmpora... Adeus... Esconderei este caderno, para que a polícia não descubra... e para que as gerações futuras de minha família saibam a loucura que fizemos... Os Deuses Escuros... eles... Não são deuses... eles são... DEMÔNIOS!... Vou me matar porque sei que logo eles virão... eles virão com a noite... Deus perdoainos...
Adeus... Adeus...


* * * * * *
Castro engoliu em seco, um calafrio deslizou por sua coluna. Estava abismado com o que lera até então. Era loucura, tudo aquilo... E então elerasgou as páginas daquele diário aterrador. Foi quando ele ouviu um ruído na noite. No sótão havia uma pequena janela, a qual se abriu com uma violenta e fria lufada.

Castro ficou enregelado... Sentia uma presença, uma presença invisível, cruel e maligna... Talvez fossem eles, os Deuses da Escuridão... Os portais, eles se abriram outra vez... Sim, eram eles... invisíveis e sinistros... eles vieram com a noite...

- Oh, meu Deus, é ele que se aproxima primeiro... Oh, Jesus Cristo, me salva!... É ele, Shugara!...

Castro gritou até enlouquecer.
Algumas pessoas da comunidade do Farol acordaram de madrugada assustadas; juravam que ouviram gritos horripilantes de desespero e pavor, em meio a estrondos de trovões e luzes de relâmpagos.

Na manhã seguinte, alguns surfistas e pescadores que passavam pela frente da casa observaram atônitos a janela aberta da água-furtada, e na frente da casa, estatelado e mortoao chão, o cadáver esfolado de Walter Castro.
Um surfista de vasta cabeleira loira comentou com um pescador ao seu lado:

- Zé Corseira, precisamos telefonar pra polícia! O cara ali deve ter se matado...
O pescador, meio assustado, respondeu:

- É, temos mesmo, cabeludo! Mas duvido que o cara ali se matou! Ele ta todo esfolado! Aquele alemão ali, morto, era um cara estranho! Na família dele só tinha louco. Esse alemão ali, então... Raramente saía de casa, ainda mais que ele era o último de sua estranha família. Esse cara vivia quase o tempo todo enfurnado em casa... Vamos ao posto policial chamar a polícia...Esses vagabundos de fora vem aqui pro Farol só pra aprontar...

Fim


Peculiaridades negativas:
a) ocorrência verbo ser:
- a terra será transformada num caos
- adolescente que é
- agora a tendência é abismar-se
- ainda era viva
- aqueles que foram adorados
- Castro era descendente
- Castro era um trânsfuga
- E foi por isso
- É chegada a hora
- é claro
- é ele que se aproxima primeiro...
- É ele, Shugara!...
- É insuportável...
- é o Farol de Santa Marta
- É o local ideal
- É questão de tempo.
- É Shugara, o esfolador.
- É sinistro, eu sei, mas eles voltarão. (ser)
- É, temos mesmo, cabeludo!
- é uma armadilha
- Ele é como o das gravuras
- ele era o último de sua estranha família
- eles são... DEMÔNIOS!...
- Em breve eu e Helena seremos os novos Adão e Eva
- embora o povo do lugar seja muito curioso
- Então seus avós foram loucos
- Era, com efeito, um canhenho
- era impossível
- Era loucura
- Era por isso
- era um cara estranho
- Era um entardecer vermelho
- era uma entidade viva
- eram como fantasmas
- Está tudo dando errado.
- estão começando a ser ativados
- Eu e Helena seremos o casal
- foi construído por Franceses
- Foi na tarde fria e chuvosa
- Foi por isso
- Foi quando ele ouviu um ruído na noite.
- foram criadas por uma tia
- foram feitas para enganar
- Gaubni será o último a vir.
- havia sido soldado nazista
- Nãosão deuses...
- o Farol é portador
- o portal não foi de todo aberto
- ou seja
- Precisamos ser mais rápidos!
- Que país extraordinário é o Brasil.
- que será no final do ano
- seremos coroados reis
- seriam capazes de compreender
- Sim, eram eles...
- Sua família tinha sido enterrada ali
- Um novo império será erguido
- um rosnar maldito que sei ser de Shugara
- vermes mortais que são


b) ocorrência de advérbios de modo:
- Brevemente
- certamente
- estranhamente
- estupidamente
- misteriosamente
- misticamente
- particularmente
- posteriormente
- praticamente
- provavelmente
- Raramente
- Repentinamente


c) ocorrência do adjetivo estranho:
- estranha
- estranho
- estranho
- estranhos
- estranhos
- estranhos
- estranhos
- estranhos


d) ocorrência do adjetivo louco etc.:
- louco
- loucos
- loucos
- loucos
- loucura
- loucura


e) ocorrência do verbo encontrar:
- encontra
- encontram
- encontrou
- encontrou


f) ocorrência de lugares-comuns ou fórmulas estereotipadas de linguagem:
- Castro engoliu em seco
- (Castro) Engoliu em seco.
- observaram atônitos
- os olhos esbugalhados
- paradisíaco Farol
- refúgio paradisíaco
- tarde fria e chuvosa
- Um frio de lascar!...
- vasta cabeleira


g) ocorrência do adjetivo sinistro:
- É sinistro, eu sei, mas eles voltarão.
- melancolia sinistra
- práticas sinistras


h) ocorrência de solecismos (erros de sintaxe):
- A polícia já bate a porta... (à porta...)
- e por um fim nisso tudo (pôr)
- Ele ta todo esfolado! (tá)
- Esses vagabundos de fora vem aqui pro Farol (vêm)
- todas as tarde (tardes)


i) ocorrência do adjetivo oculto etc.
- ocultas
- ocultismo
- oculto


j) ocorrência de redundância:
- Vamos ao posto policial chamar a polícia...


k) outras ocorrências:
- ele
- ele
- secreto
- sombras
- sombras
- suas ondas
- suas ondas


l) erro de digitação:
- Deus perdoainos... (perdoai-nos)




Peculiaridades positivas:
a) emprego exato do verbo iniciar
Foi na tarde fria e chuvosa do domingo de Abril de 1999 que o horror em sua forma sobrenatural iniciou.

Decompondo a frase, temos:
Foi na tarde fria e chuvosa do domingo de Abril de 1999 – oração principal
que o horror em sua forma sobrenatural iniciou. – oração subordinada adverbial temporal.

Aonde queremos chegar?
Ao verbo iniciar, para sabermos sua transitividade. Compulsando o mestre Aurélio, de pronto constatamos: é transitivo direto, na acepção de “Dar princípio a; começar, principiar, encetar.”

Ou seja, acha-se correto o seu emprego na frase.
O verbo iniciar pode ser ainda transitivo direto e indireto, intransitivo e pronominal. O seu sentido mais pleno neste caso, porém, é mesmo de transitivo direto.

Como esse iniciar não preposicionado afigura-se-nos extravagante na oração, sugeriríamos a sua troca por principiar (=ter início), mais conveniente ao enunciado.

As conjunções subordinativas adverbiais ligam duas orações, sendo que a segunda é adjunto adverbial da primeira; essa segunda expressa as seguintes circunstâncias: finalidade, modo, comparação, proporção, tempo, condição, concessão, causa e consequência.

As conjunções temporais ligam duas orações, sendo que a segunda oração expressa circunstância de tempo: quando, enquanto, apenas, mal, logo que, assim que, depois que, antes que, até que, que...).
No caso em exame, apresenta-se a conjunção que.


b)


c)


d)

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